quarta-feira, julho 06, 2011

Conclusão

Adeus, apertado sufoco deste eterno coração.
Escrevo-te outra história. E nos traços do que escrevo, dou-te novas linhas. Retiro-te da reclusão.
Rematei-te com as formas que me deste. Inacabado, mutilado, imperfeito. Livrei-te de mim, da minha infecciosa lentidão.
Fiz-te em linhas férreas, para que domines os cursos do meu sangue. Porque os ecos dos meus gritos não te alcançam. Dou-te um propósito. Outra intenção.
Porque a solidão é uma moléstia que gangrena. E a inércia, uma consentida solidão. A independência é a nova história que te cedo.
Fomos uma só cadência. Trinaste os compassos neste peito. Bateste com ânsias, com sede de muito, em sofreguidão.
Adeus, velho coração. Completo a narração.
Quero saber-te sepultado noutro peito, imerso noutra mão. Fora de mim, possas bater, mais devagar.

3 comentários:

Poetic Girl disse...

Lindo! beijocas

izzie disse...

My Cristina,

Esta luta à inercia não te faz lembrar nada?
Chegou a tua hora, do teu momento, da tua luta.
Nunca sozinha.

[Só agora é que reparei na ironia do post anterior... o que eu me ri!]

Beijo só teu,

José Cevada disse...

Olá, isso de o "outro peito onde possas bater mais devagar" lembra-me uma das histórias mais tristes que já li, passava-se num qualquer mundo paralelo, e as pessoas tinham todas os batimentos cardíacos "a que tinham direito" contados à nascença, e sabiam disso, e quanto mais o seu coração batesse, quanto mais emoção, dor, prazer, ânsia, e até vil e fugaz esperança sentissem, menos viviam,
um beijo,