terça-feira, novembro 25, 2008

Eu queria falar-te do pó. Desse que se lança dianteiro nos meus olhos e me apaga.
Milhões de crepúsculos sombrios que se abatem e se esgotam.
Andar com sede nos lábios e ânsias no querer. Ter um peso que transforma os meus passos neste chão.
Mas em vivência dormente, vou seguindo fechada no silêncio. Com palavras certas amordaço o que não digo em mim.
Eu queria falar-te, e não quero. Na conspiração do silêncio que me assiste, espero.
Há muito que o trajecto me deixou entre grupos e ensejos.
E não olho para trás!
Se na viagem que encetei o abismo se anunciar, espero que a vertigem não me cegue e que, no salto, me veja lá do alto: a soma de todas as coisas, a presença de todos os dias, apenas mais um eco de um vazio visceral.