quarta-feira, janeiro 28, 2009

Estrada

Abriu a porta e os olhos apertaram. Há muito que galgavam navegantes em busca de um destino.
De todas as vezes em que o rumo lhe assomara acabara sempre assim…num qualquer porto onde poisar.
Porque insistia nessas rotas que maltratam? Quantas mágoas deixara nesses portos hoje ausentes?
Entrou…
Despediu-se do caminho. Vagueara invisível nesses trilhos que secaram o seu ser.
Não queria aquele nada de solidão à beira estrada.
Esperou…
Os olhos fecharam de saudade nas lembranças dos sonhos que desbotam deprimentes.
Ali, onde a porta se descobre dentro do seu ser, o tempo não aperta, mas suporta.
Sentou-se...
Desfaz-se da memória que não tem mais que antever.
Lá fora, onde o rumo se agrilhoa entre tormentas e correntes, ainda há quem persista no vazio e rume à estrada.

2 comentários:

izzie disse...

Por vezes, descançar na berma, com saudades e memórias é bom. Bom para que tenhamos a percepção do resto do caminho que queremos fazer, bom para recuperar as forças que parecem, apenas paracem, que faltam.
Porque depois, depois... o rumo, acaba por nos dar um sinal.
Existam correntes, pesos, cadeados... serão a prova física do nosso esfprço e superação, ostentaremos as suas marcas com orgulho. Porque somos mais! Tão mais!
Não abandono o barco, o carro, o caminho que percorro, não abandono parte de mim.
Suportarei o ´po, descançarei contigo nas "estações de serviço", tudo porque sei que a vitória é tua e quero partilhar o sorriso e o brilho nos olhos contigo.
***

José Cevada disse...

por vezes vicia ser eterno viajante, largar o que se tem para abraçar o que nunca se terá, o viajante vê o que os outros vivem, para um dia mais tarde, já velho, contar o que outros viveram e ele viu.E de tanta solidão,de tanta estrada,de tantas "meias-noites" passadas com desconhecidos, acaba por não valer a pena, porque quando o vale, já é tarde.