quinta-feira, março 09, 2006

Espera

Não tenhas medo!
Nada tenho a dizer. O que sinto, não pode ser dito. Carrego nos olhos o peso de tudo o que sinto, de tudo o que penso e que está preso em mim.
A palavra desfaz-se em silêncio e na eminência da queda prefiro voltar atrás.
Estarei contigo, para descansar no caminho e para te ver adormecer e proteger.
Roubarte-ei o frio e gurdarte-ei do calor.
Quando buscas as estrelas, entrego-tas no céu, para que te acompanhem pelo universo a percorrer.
Sei que não é a mim que procuras para deitar o corpo que se rende. Mas é em mim que adormeces, todas as noites, deixando as mágoas no meu leito. E é em mim que , todas as manhãs, te vestes, com pressa, não vá o tempo roubar-te o que tens para viver.
Não digo nada, escondo tudo, sou invisivel, impossivel, sem cor...
Nada sou... Jogas-me em precipícios e esperas que não veja, que me cegue e abra os braços à tua fé.
Para sempre. Jurei. A minha porta estará aberta sempre.
Mas não sou eterna e o meu coração não é para sempre. Nem o teu. Um dia também ele se há-de cansar de jogar-se em precipícios.
Sem fogo sou fogueira, e sem vento....sou o ar sobre a tua cara, a água que te escorre dos dedos.
Dou-te a vida, ouço-te respirar.
Não tenhas medo! Não sou eterna, nem sou céu, nem estrela, sou chão. O chão que pisas, o caminho. É nele que cai a natureza, é nele que, inexoravelmente, caem todas as coisas que não vivem para sempre, que não podem estar eternamente à espera…
E eu....ainda espero.

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