sábado, maio 28, 2005

Por aí

Quem és tu?
Eu posso ser um pássaro, uma folha, uma flor...e tu? por que ruas te passeias e a quem olhas nos olhos, quando estás triste?
Eu posso andar por becos, perdida em alamedas, mas sou eu que por aí ando, nesse mundo obscuro, nessas malhas em que me enredas.
Tu...quem serás?
Falas demais, e acusas-me de dizer demasiado....mas há pouco que me sirva de lição...quando quero entender o teu coração.
Como serás tu? com quem te pareces?
Podes ser filho de pais, de uma doença, da própria vida....mas nada te carrega ao colo...e tornas-te triste e irrelevante...
Eu posso ser filha da luz, do destino, ou da mesma vida que te fez criança...mas sei quem me carrega nos braços e quem me enche desta bem aventurança.
E então, quem são teus pais? Serão os medos, os desgostos, as inseguranças?
Porquê que dizes que me adoras, se, na tua raiva, me devoras e me queres tão mal?
Não te quero desiludir enquanto caminhas com a tua habitual pressa...mas também não ficava bem se não o dissesse....
Se não sabes que não gosto de pêssego e que prefiro o acre do alperce....desaparece....
Não tens nada de meu, não tens que estar na minha vida...
Eu levanto-me do chão e de cabeça erguida, percorro a minha viela até encontrar a avenida que me salvará da solidão.
Talvez um dia te veja por aí...a ti e a todos como tu....
E enquanto as palavras começam a fazer sentido e a juntar-se num papel, percebo que não é complicado seguir em frente e fazer-me igual a toda a gente.
Matas-te! Dizes-me quando digo que não me apetece ser diferente.
Tu já és diferente...
Enganas-te, ser deprimente.
Sou igual a todos, simples sincera, natural.
E não sei quem de nós dois vai ser o primeiro a ceder...no entanto não será dificil perceber que, no meu estado de espirito, não quero abdicar de mais nada...não te quero entender.
E eu sem ti posso ser tanta coisa...um pássaro, uma folha...uma flor.
E tu, vai-te embora de uma vez e leva contigo a dor.
Já não conheço as ruas escuras em que nos encontrámos, já não conheço o teu sorriso, parece-me um disfarce...
E se algum dia a saudade me atacar...é só ouvir o coração e esperar que passe.
Não penses que te quero mal. E se a tua consciência alguma vez te fizer pensar...lembra-te que sempre podes acender uma luz para te iluminar.
Entre nós dois há um abismo de gerações, de convivios, de emoções...querer ser diferente como tu, era entrar na minha nova estrada em contra mão. E, por acaso, haverá na tua estrada algum pássaro, alguma folha, alguma flor?
Sei que me vai custar não ter a tua imagem na minha linha do horizonte...mas ás vezes é melhor um planato do que precipitar-me sobre um monte.
Tu és o monte... eu quero a segurança. No entanto, enquanto tu existires haverá sempre esperança...que um dia te lembres de voltar.
Mas por enquanto, sinto muito, mas para além dos abismos que nos separam, não há nenhum vão para nos juntar....caminhamos em pistas opostas...
Mas se um dia me quiseres procurar, e encontrares uma desculpa para voltar, lembra-te que estou numa auto-estrada e para trás não posso andar...temos que caminhar a par.
Talvez um dia te veja por aí...a ti e a todos como tu...
Não me apetece ser diferente...e tu matas-me...ser deprimente.
Porque se não sabes que prefiro o acre do alperce....desaparece...
E leva contigo um pouco de luz, que bem precisas dela para te iluminar...eu...vou voar.

1 comentário:

Sara disse...

Tu és diferente,mesmo quando pensas que és igual: simples, sincera, natural. Tu és diferente porque sabes ser pássaro e folha e trazes flores no peito quando amanheces numa viela escura.