Dá-me um segundo.
Não sabes que caí, mais uma vez, neste meu chão.
Fiz dele o meu percurso, traçado nas minhas derrotas, anulado nas minhas lágrimas, de novo alçado nos meus sonhos, em cada sopro de uma ilusão.
Mas, não sabes que fui eu.
Que me desacerto, engano e decomponho nessas rotas, e que, em medo, me escondo, tentando fugir-me, escapar-me, em exasperação.
E estendes-me a mão...
E é sempre minha a culpa, de fazer tão sinuosas estas vias, de lançar-me tortuosa a tudo o que somos, errante entre tudo o que perdemos…
Dá-me um segundo. Só mais este. Não afastes a tua mão.
Enquanto a alma procura, uma vez mais, destruir a inflamação. Perdi, mais uma vez, a minha história, nos interlúdios desta culpa. Perdi-lhe o tom, o trecho, o enredo, a impressão.
Sabes, gostava de poder contar-te a minha história, sem o muro de palavras que erigi. Com um sopro de ânimo desfazê-lo, taciturno, quedo comigo, neste chão.
Não me faças perder também, num segundo, a tua mão.
E são tão vãos estes sonhos, que se abatem, tão estéreis, quanto o frustre das derrotas, tão fúteis como o enlaço das vitórias…
Dá-me só mais um segundo. Que eu quero erguer-me do meu chão.
E por um segundo, poder deixá-lo impune pelas rotas, erguer-me das derrotas, anular-me da culpa, desta minha vida em transgressão.
E o teu segundo é o muito que te peço Nesses fragmentos de pó que despedaço pelas rotas.
E pode o segundo ser maior que a vida. Quando nele se conclua tudo o que somos, tudo o que fomos, tudo o que perdemos…
e te cole de novo a vida ao coração.
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