Ele esperava por ela. Como quem respira, escutou-lhe os passos e viu-a aparecer.
Surgira do nada, com um à vontade sereno de quem nada teme. Olhou-a, de relance e fugiu. O coração conheceu-a e deixou de pular nos caminhos do seu peito.
Ela não queria, não esperava nada. Apenas que a deixassem solta nas planícies do seu ser. E cheirava a terra e o solo estremecia nos seus passos pelo chão.
Ele perdeu-se nas planícies do seu corpo, ela levou-se pelas aragens refrescantes do seu coração.
Era a terra precisada de ar numa aliança perfeita de elementos, numa comunhão constante de impressões.
Conheceram-se ofegantes e não mais os seus corpos se largaram.
Ela parecia ter a garganta presa com o ar. Ele sentia pisar a terra mais leve e os seus passos firmes.
Não era da natureza do ar fazer-se prisioneiro nas entranhas rudes e imutáveis da terra.
Não seria a Terra a prender a voracidade dessa vida de ar que, inevitavelmente, seguiu o seu rumo.
Levou com ele minúsculas partículas de pó, memórias infinitas do seu encontro com a terra.
E nunca mais se defrontaram!
A ela, nunca mais a viram solta nas planuras e o corpo endureceu formando-se acre e castanho. Por vezes, irrompe em tempestade. Ainda solta todo o ar contido na garganta em furacões.
O coração fez-se de fogo, consumindo-a aflito, em arrepios constantes.
No peito, um enorme vazio cor de sangue. É a alma da terra que a água não alcança. O núcleo da vida em permanente crepitar. Deito-me nela e oiço-a palpitar…
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2 comentários:
Se eu não soubesse... dizia me "espiada", mas depois lembro-me... és parte de mim. És minha extensão.
Venceste comigo esta batalha, alegre estou porque as nossas mãos estão enlaçadas por um dos poderes mais fortes.
Mas mais que tudo, grito, sussurro, digo com o maior dos sorrisos e orgulhos: Amo-te e a partir daqui as palavras falham-me!
a leveza com que explicas o amor é irresistivél, todos sofremos por amor, até o nosso astro, mas por mais àspera e vincada que fique a nossa pele, à sempre um coração que continua a palpitar, e é bom ouvi-lo por vezes, porque um coração não morre de amor, o que seria feito de nós agora se a Terra tivesse morrido de amor?*
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