quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Encontros

Ele esperava por ela. Como quem respira, escutou-lhe os passos e viu-a aparecer.
Surgira do nada, com um à vontade sereno de quem nada teme. Olhou-a, de relance e fugiu. O coração conheceu-a e deixou de pular nos caminhos do seu peito.
Ela não queria, não esperava nada. Apenas que a deixassem solta nas planícies do seu ser. E cheirava a terra e o solo estremecia nos seus passos pelo chão.
Ele perdeu-se nas planícies do seu corpo, ela levou-se pelas aragens refrescantes do seu coração.
Era a terra precisada de ar numa aliança perfeita de elementos, numa comunhão constante de impressões.
Conheceram-se ofegantes e não mais os seus corpos se largaram.
Ela parecia ter a garganta presa com o ar. Ele sentia pisar a terra mais leve e os seus passos firmes.
Não era da natureza do ar fazer-se prisioneiro nas entranhas rudes e imutáveis da terra.
Não seria a Terra a prender a voracidade dessa vida de ar que, inevitavelmente, seguiu o seu rumo.
Levou com ele minúsculas partículas de pó, memórias infinitas do seu encontro com a terra.
E nunca mais se defrontaram!
A ela, nunca mais a viram solta nas planuras e o corpo endureceu formando-se acre e castanho. Por vezes, irrompe em tempestade. Ainda solta todo o ar contido na garganta em furacões.
O coração fez-se de fogo, consumindo-a aflito, em arrepios constantes.
No peito, um enorme vazio cor de sangue. É a alma da terra que a água não alcança. O núcleo da vida em permanente crepitar. Deito-me nela e oiço-a palpitar…